Quarto filho de uma humilde família, desde sua infância não gostava de estudar e sempre gazeteava aulas para ficar a beira da estrada desenhando caminhões que passavam carregados com cana-de-açúcar.
Em um concurso de desenho em sua escola, por comemoração do Dia do Índio, desenhou uma paisagem com araras que foi premiada a nível estadual em São Paulo.
Aos quinze anos participou de apenas duas aulas de desenho no Instituto Nobel, onde desenhou a lápis, sem técnicas de quadriculação, um retrato de uma idosa senhora. A riqueza dos detalhes e a autêntica semelhança com o modelo chamaram a atenção de sua instrutora que lhe pediu para ser presenteada com o desenho. Rubens, egoisticamente, o mantém em seu poder até os dias de hoje.
As dificuldades financeiras e até a miséria pela qual passavam sua grande família não permitiriam que ele se dedicasse ao desenho e ele teve que trabalhar em várias atividades; de office-boy a operário da construção civil, contribuindo para o sustento da família.
Aos dezoito anos fugiu da casa de seus pais em São Paulo, viajando pelo sul do Brasil, Rio de Janeiro e Argentina. Jamais largou seus desenhos, algumas folhas de papel canción e seus lápis crayon. Seus retratos eram sua moeda corrente, ele nunca gostou de manipular dinheiro vivo e para sua sobrevivência desenhava retratos em troca de quase tudo. Seus desenhos estão espalhados por onde passou e possivelmente jamais serão encontrados.
Rendeu-se às drogas e ao alcoolismo e chegou a viver na mendicância por muito tempo. Jamais aceitou o fato de ter que abdicar do desenho para exercer outras funções e ganhar seu próprio sustento. Sua dificuldade em se expressar pelas palavras, sua introspecção e sua impressão interrogativa diante das adversidades da vida tornaram-no uma pessoa reclusa da sociedade. Entretanto nunca deixou de desenhar e buscar a perfeição e o realismo em seus traços.
No início dos anos 90, por volta de seus 30 anos e já recuperado e reintegrado à sociedade, descobriu o óleo sobre tela e desde então tem se dedicado somente à pintura.
Hoje Rubens vive em sua casa de campo, no interior de São Paulo, sozinho. Retrata pessoas da elite, não obstante leva uma vida desmaterializada. Suas telas levam até mais de um mês para serem concluídas o que faz com que ele consiga pintar no máximo 10 obras inéditas por ano.
É interessante observar a fugacidade de seus traços, contrapondo-se a sutileza em detalhes imperceptíveis aos olhares mais incautos. A composição das cores, que é resultado de seus inumeráveis e incansáveis testes, intriga o observador, que busca uma identificação para seu estilo único.
Apesar de nunca ter participado de salões e feiras de artes e sem nunca ter participado efetivamente de cursos ou workshops, Rubens conquistou uma clientela fiel.
Totalmente auto-didata, recusa-se terminantemente a expor-se a mídia e a quaisquer outros eventos sociais. Isolado em seu ateliê, atravessa horas observando silenciosamente o quadro que pinta, para, após uma breve pincelada, quedar-se por mais outros tantos de horas a observá-la mais atentamente e definir sua próxima pincelada.
Rubens é solteiro e tem um filho de 26 anos que vive no Rio de Janeiro, o qual traça despercebidamente o caminho de seu pai, pintando atualmente retratos em crayon.
Em 2008, do alto de seus 50 anos, Rubens começou a abstrair. Pintou 3 telas abstratas, sobre as quais ele afirma: “São apenas para me relaxar da tensão ao pintar o retrato de um rosto”.